sábado, 8 de maio de 2010

Fé pra cachorro

Fé não é ter pensamentos bons ou pensamento positivo, e nem ouvir o coração. Ter fé não é desprezar a razão.



Diante de um cão perigoso, há três tipos de experiência de fé pelas quais o indivíduo pode passar:

A primeira é a fé irracional, demonstrada neste vídeo protagonizado pelo conhecido padre Marcelo Rossi. A fé irracional é aquela que despreza a razão. Daí o seu nome. A fé irracional tem base frágil e enganosa. Normalmente essa fé é nutrida pelos adeptos do pensamento positivo ou do ouvir o coração. No vídeo, a sugestão do padre ante uma situação de perigo foi para olhar para o alto e pensar em coisas boas. Engana-se quem acha que com a força do pensamento fará um cão se acalmar.

A segunda experiência de fé que se pode passar diante de um cão perigoso é a da fé natural. Essa fé é racional e ela se baseia na experiência humana. Sabemos (ou cremos) que o fogo queima por que já vimos isso acontecer, sentimos o seu calor e vimos o sofrimento de pessoas que se queimaram. A fé racional se baseia na razão, mas principalmente, na experiência, que por sua vez produz conhecimento e alimenta a razão. É ver para crer. Ou, crendo, não querer pagar pra ver. Diante de um cão perigoso, a fé racional vai nos alertar: esse cachorro não é meu, ele não me conhece e então ele certamente tentará me atacar. Deixa eu sair daqui correndo!

A fé racional é boa para homem. Mas, muitas vezes, podemos nos enganar, ao interpretarmos de forma errada nossas experiências. Isso pode nos levar a uma fé irracional e acontece por que somos falhos e de conhecimento muito limitado. Por isso, frequentemente nos enganamos ou tomamos decisões erradas. Por se basear nas experiências humanas, a fé racional é muito frágil diante de experiências e assuntos complexos. Os nossos sentidos podem nos enganar ou serem usados para, a partir da nossa fé racional, nos convertermos a uma fé irracional, na qual a razão é deturpada. Alguns, por causa de uma fé racional que se converteu em irracional, já jogaram aviões contra edifícios, promoveram suicídio coletivo, se explodiram em praça pública e até foram mordidos por cães quando deles poderiam ter corrido.

A terceira experiência de fé que se pode passar diante de um cão periogoso é da fé sobrenatural. Essa fé é também uma fé racional. Ou seja, ela não despreza a razão. No entanto ela alimenta a razão com coisas que vão além dos sentidos ou dá experiência humana. Ela é sobrenatural, por que vem de algo além da natureza que normalmente experimentamos. Mas não é irracional, pois quem a recebe, sabe que ela é verdadeira. Ela é um dom de Deus. E é Ele quem a mantém em nós.

A fé sobrenatural de Deus dispensa a fé irracional e transcende a fé natural, elevando-a. O homem que tem fé sobrenatural e ficar diante de um cão perigoso tentará sair dali antes que o cão o ataque. Afinal, assim como Jesus, ele sabe que não deve tentar a Deus, que lhe concede a fé (Lucas 4:12).

Mas, se não houver saída, por causa de sua fé sobrenatural ele também sabe que, seja o que acontecer, Deus o protegerá. Ele sabe que será Deus que irá, se assim desejar, acalmar ou segurar o cão. Ele sabe que, se o cão atacar, Deus poderá curá-lo de doenças transmitidas pela mordida do cão ou poderá permitir que o cão o ataque fatalmente, tomando-o para Si. Mas o mais importante, ele sabe que só ficará ali parado se essa for a vontade de Deus, pois se não houver saída, Deus pode providenciar uma na hora. Foi assim com Daniel ao ser preso em uma cova cheia de leões (Daniel 6) ou quando foi lançado em uma fornalha tão quente que morria quem dela chegasse perto (Daniel 3). Foi assim também com Pedro que preso, acorrentado e vigiado, dormia tranquilo mesmo ante à sua condenação de morte (Atos 12).

A fé irracional e a fé racional são do tipo que o homem controla e alimenta. Por isso são frágeis e periogosas. A fé sobrenatural vem de Deus, que dá aos seus filhos, aqueles que o recebem como Senhor e Salvador.